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Aceleuma, justa, diga-se, instaurada pela abjeta manifestação do então secretário nacional de Cultura há algumas semanas traz, ou faz ver, infelizmente, mais reveses que aqueles notórios.
A meu sentir, com as suas licenças, veio em acréscimo à detecção de que a intolerância (sempre necessária) com o nazismo, sua elevação, citação, relativização, negação ou justificativa vai além, alcançando com quase igual rechaço outros temas que não têm uma nesga das barbáries inomináveis do holocausto.
Nada é mais natural, no caso, que depois da asnice cometida pelo titular do cargo de relevância indiscutível, fosse ele defenestrado e, ainda mais natural então, sobreviesse sua substituição sob pena de vacância logo em pasta tão cara ao país.
E Regina, a atriz que para além de afamada pelo veículo que para o bem ou para o mal, queiramos ou não, gostemos ou desgostemos, foi e é instrumento alicerçal da construção da identidade, hábitos, tradições e identidades nacionais: a Rede Globo e suas telenovelas.
Os 50 anos de destacada dramaturgia televisiva da atriz, sua trajetória teatral igualmente larga e consequente fama logo pelo desempenho de seu ofício, obviamente intimamente ligado à matéria de que trata a secretaria sob exame não foram suficientes para fazê-la digna de mínima paciência dos que patrulham perene, forçosa e parcialmente todo e qualquer ato governamental.
Bastou a suscitação do nome da cidadã (sim, ela é exatamente isto, a nosso exemplo, antes de qualquer demais qualificação) para que o achaque emergisse sem pudor.
Chato ter de salientar, mas necessário, eis que, sim, este ensaio pode ser lido como defesa dela e do governo: não se trata de tal, mas reflexão sobre a intolerância. Agora, predominantemente pelos que são designados como de esquerda, mas com parcela, ainda que ínfima, de alguns ditos de direita que um pouco arrependidos.
Mais gritaria e revelações de ordem pessoal a respeito dela que, confesso, não saber se verdadeiras. No entanto, a antes amada por uns, admirada por outros, esquecida por tantos, passou a não valer nada, ser indigna até de respeito.
Mas e se, por circunstância imaginária, mesmo uma daquelas bem novelescas, houvesse possibilidade com o condão de questionar a cada um dos críticos, esbravejadores ou a um mero questionador a quem apontar em seu lugar para ocupar o cargo que, repito, de tão importante, não pode ficar sem titular?
Ora, não precisa ser alguém unânime, pois suponho não existir. Mas indivíduo, pessoa, que se não consensual, capaz de, pelo menos, contar por alguns momentos iniciais, senão de fé, paciência para mostrar trabalho e, daí então, haver julgamento.
Alguém?
Não seria homenagem à Porcina, ou ao mito, mas exatamente pré-ocupação para com a cultura, no caso. Afinal de contas, quem presta? Precisamos, todos, de manifestação neste sentido, pois as funções necessitam ser assumidas e desempenhadas. Não acham?